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Hoje durmo no aeroporto. E gosto.

Marcamos o voo. Não há sensação melhor que voar rumo a uma nova aventura.Perdidos nas nuvens a tentar vislumbrar se sobrevoamos mar ou terra. Se sobrevoamos terra tentamos perceber que terra será, o que estarão as pessoas a fazer e como se vive ali. Vejo agora que é mar. Mar infinito. Azul com nuvens a pairar. O sol ainda não se vai pôr. Vai dar mais umas horas de luz a quem se atreve a sair à rua. Faz calor de verão abafado certamente. O sol queima-me os olhos e aquece-m os pensamentos.

Por aqui há o costume. Pessoas a se levantarem para ir à casa de banho que pedem a quem está ao seu lado com delicadeza se se podem levantar. Há bebés que choram. Hospedeiras com carrinhos cheios de bebidas. Há quem veja filmes no computador ou leia o jornal. Há quem tente dormir com afinco e que desperta de 5 em 5 minutos.

Mas mais que isso. Há o que não vejo. Ansiedades. Sonhos e determinação. Vontades e crenças. Pessimismo e pensamentos depressivos. Infelicidade. Alegria. Há sentimentos. Dúvidas que pairam no ar. Literalmente no ar.

Há provavelmente médicos e advogados mas também donas de casa e pedreiros. Todos os extratos sociais e culturas. Aqui. Aqui somos todos iguais. Temos um objectivo comum que nos une. Um destino. Pode não ser o destino final mas será certamente uma passagem que nos marcará mesmo sem entendermos. Porque uma viagem é sempre o início de qualquer coisa. Mesmo que seja uma viagem de regresso a casa. Mesmo que seja uma viagem recorrente. Há sempre qualquer coisa de diferente.

Adoro dormir em aeroportos. Digam o que disserem, dá-me sempre aquele sentimento de estar em trânsito. Em andamento mesmo que o meu corpo esteja parado e desconfortável na cadeira que em vez de ser corrida, tem ferros a dividir e aleija as costas. Há quem diga que já não tem idade para isto. Que precisa de uma caminha. Eu preciso disto. Para que nunca parem as borboletas na barriga.

Vejo pessoas de toda a parte. Ao meu lado um rapaz que parece ser da Austrália. À minha frente uma rapariga do sudeste asiático. À espera. Agora só de manhã haverão ligações. Só aí é que haverá azafáma e rodopio de gente pelos corredores. Agora é tempo de tapa-olhos e tentar encontrar uma posição possível para descansar. De pensar.

É hora de sonhar. Boa noite!

Photo Credits: Lawrie Skinner

acrushon
2 Comments
  • Inês

    Só a sensação de estar no aeroporto adoro:), adoro os voos de madrugada e chegar lá ainda de noitinha com aquela ansiedade à espera do voo. Os pequenos almoços, as pessoas com bagagens.
    Adoro viajar e , como tal, adoro igualmente o ambiente de aeroporto (exceto a zona de segurança, pois sente-se aquela tensão no ar).
    Mal posso esperar pl fim de Outubro para me avebturar novamente 😀

    13 Setembro, 2016 at 10:38 Responder
  • Taís

    Que texto lindo e que traduz bem o sentimento gostoso e de liberdade que é viajar.
    Me indentifiquei muito com as suas palavras, também fico a pensar na historia de todas as pessoas que estão a minha volta ou daquelas que estão lá em suas casas enquanto o avião sobrevoa.

    Muito bom o seu blog, ganhou uma leitora!

    3 Setembro, 2016 at 12:00 Responder

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