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Sou uma mulher imperfeita. Não quero mudar.

A imagem de que a mulher deve ser uma óptima dona de casa e gostar de passar horas na cozinha a preparar um manjar dos deuses. Parem de a generalizar. Há uma grande percentagem de nós que simplesmente abomina tudo o que tenha a ver com a organização do lar.

Fazer só o que nos dá prazer. É difícil nos dias que correm mas eu acredito que seja possível.

Hoje discutíamos as limpezas da casa. Comentei que detesto fazê-lo e detesto cozinhar e por isso simplesmente não o faço. Abdico de algumas saídas ou compras não necessárias para poder pagar uma vez por mês (duas quando necessário) a alguém que vá minha casa e organize aquele caos em expansão. Faço o mínimo indispensável para a minha coexistência comigo mesma. Limpeza sempre, arrumação q.b. Tenho um puff  e uma cadeira onde acumulo roupa em modo torre de pisa. Consideremos que é a minha instalação. O meu ode artístico ao meu eu desarrumado e desorganizado.

Acreditem que já tentei. Tentei ser uma foodie mais completa e gostar de misturar ingredientes com o objectivo de deliciar quem prova a minha refeição. Não vale a pena. Não gosto de o fazer. É um suplício. Suga-me a energia positiva que reside em mim. Pensar que tenho de fazer uma receita. No entanto desenvolvi o meu paladar para experimentar os cozinhados das outras pessoas. Sou óptima nisso.

A minha avó diz que desde de pequena que não me interessava por fazer bolos com ela. Aquele programa que as miúdas costumam adorar. Que sempre soube que não ia sentir o amor que ela sente a cozinhar. Desde que moro sozinha, o take-away é meu amigo e desengane-se quem acha que fica mais caro. A verdade é que gosto de comer, de experimentar mas não preciso de grandes porções para ficar saciadas isso ajuda-me na minha condição de “mulher imperfeita aos olhos da sociedade que detesta ser dona de casa”.

Tentei ser amiga do ferro de engomar e do aspirador. O estado da nossa relação é complicado. Para mim não é terapêutico como para algumas pessoas.

Chamaram-me de dondoca. Porque consigo viver sem fazer coisas que não gosto e dentro da minha exagerada desorganização, organizo-me para não ter de o fazer? Porque não quero trabalhar todo o dia e nas poucas horas livres que tenho, ter de me dedicar a algo que simplesmente não me faz sorrir? Vivo na época em que ser mulher, não tem de ser isto.

“O que tens para oferecer como namorada de alguém?” também foi tópico de discussão. Digam-me homens que por aí andam…é uma dona de casa que procuram? Quão limitador é esta ideia no século XXI?

 

Photo Credits: Lori L. Stalteri

acrushon
4 Comments
  • Ana

    Pois é Lígia infelizmente quer homens quer mulheres ainda têm esse conceito para a mulher. E essa questão do que tens para oferecer, epá é realmente incrível. Se querem empregadas domésticas há muitas por aí à procura de emprego.

    Gostei do teu blog continua 😉
    http://filtraraquente.blogspot.pt/

    2 Março, 2016 at 13:55 Responder
    • acrushon

      Não diria melhor 🙂 Obrigada! Fui espreitar o teu blog. Tem temáticas daquelas que todos queremos falar e pouca gente se atreve 🙂 Vou seguir! Beijinhos

      3 Março, 2016 at 0:24 Responder
  • Andreia

    Adorei este post!

    Gostando ou não de lides domésticas, não somos obrigadas a nada!
    Eu gosto de cozinhar, mas às vezes não me apetece. Não faço.
    Engomar? Nunca na vida. Não engomo.

    Parabéns, de imperfeita não tens nada 🙂

    1 Março, 2016 at 14:49 Responder
    • acrushon

      Obrigada Andreia 🙂 #EngomarNoMore !!

      1 Março, 2016 at 22:41 Responder

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