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Erosão do pensamento.

Existem aqueles segundos. Aqueles do silêncio, sabes? Quando não há nada, quando não há uma respiração, um olhar, uma palavra. Quando não há ninguém do outro lado. Ninguém que explique o que se passa. Onde estão esses segundos? Quando nem o doce ou o amargo se vislumbram ou passam a sussurar pelos corredores da mente. Quando o vazio se instala ensurdecedor nas memórias. Quando o medo devasta o pensamento. Onde estão?

Não estar.

Poderá ser o estar, não uma presença física, mas uma presença de não pensamento em nós? Um não acontecer? Uma atitude submersa sem capacidade de fugir? Uma luta que não ocorreu nem se sabe se houve a ponderação da sua existência? Um não existir.

Não existir.

Existimos por isso pensamos? Pensaremos demais? Pensaremos demais nos segundos que não são nossos? Que não nos pertencem? Que são estimação de outro dono ou dona? Que segundos nos pertencem afinal? Apenas todos os meus? Os teus? Os nossos? Ou a linha física do crânio tem o poder de constituir uma barreira às emoções que me afligem? Conseguiremos não desejar possuir minutos que não são nossos? Determinar que a sensibilidade e o poder da imaginação, não agarre indefinições elaboradas do eterno nada? Conseguiremos não pensar?

Não pensar.

A criatividade exacerbada. A constituição de certezas inequívocas. A batalha interna que nos aquece e destrói. As lágrimas que são cascatas cheias de suposições. São o mar. O mar imenso e incalculável. Cheio de segundos afundados em ondas de mágoas desenhadas a carvão. Sem cor e sem magia. Aqueles cheios de silêncio que criam erosão ao longo do tempo sem fim. Mesmo que o tempo sem fim seja apenas um segundo.

acrushon
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