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#FOMO que te percorre as veias. A Patologia do Condicional.

FOMO
ˈfəʊməʊ/

noun

informal
noun: FOMO
  1. anxiety that an exciting or interesting event may currently be happening elsewhere, often aroused by posts seen on social media.
    “I realized I was a lifelong sufferer of FOMO”

Quem padece desta condição sabe do que falo. Essa constante certeza de que estamos a perder. Essa angústia imensa de quem não está presente e a viver outro momento. Uma agonia que dá um aperto incontrolável. Como se te estivessem a sugar vida. Como se a vida não estivesse a ser vivida na sua plenitude. Como estar em pleno implicasse a participação naqueles segundos que outros estão a percorrer.

Muitas vezes me sinto assim. Na indecisão de fazer o que me apetece ou aquilo que me é suposto fazer. Não necessariamente devido às redes sociais. Quantas noites que podiam ter sido terminadas a uma determinada altura mas que o ímpeto de saber o que acontece a seguir me obriga a ficar. Ou eventos que desejo estar presente, decido não o fazer e não consigo viver com essa decisão. Porque o “e se…” fica sempre na nossa ideia a flutuar qual bóia de flamingo da Primark.

“O que teria acontecido se…”

Lembrei-me de escrever sobre isto devido ao NOS Alive. Fui a todas as edições. De pulseira no braço a absorver cada momento de música, ambiente e a viver a sua essência no seu todo. Não há nada como essa sensação de andar entre barreiras de metal rumo ao recinto da vasta qualidade sonora. Gosto de festivais de Verão e sou apaixonada pelas surpresas que tenho tido ao longo dos anos nessas tardes em palcos secundários. No entanto, embora seja sempre uma experiência diferente, este ano, após 10 edições de Alive, umas 8 de SBSR, 6 de Paredes de Coura, 2 de Primavera, 9 de Sudoeste, 5 de MexeFest, 1 Sziget e mais umas dezenas de outros tantos e concertos, apercebi-me que já tinha visto cerca de 75-80% do Cartaz deste ano.

Não comprei bilhete.

Não tive tempo para tentar nenhum passatempo e embora fosse bombardeada com essa informação, não me dediquei como noutros anos faria.

Embora seja claramente o festival que nos dá a maior qualidade por um preço irrisório quando comparado a qualquer outro lá fora, achei por bem fazer uma pausa. Parar para me surpreender outra vez. Nomeadamente pela sensação de “wow” que foi estar no Sziget o ano passado. O que eu dava por um festival assim por cá. Com espaço. Sem corredores de gente a ir para os mesmos lados óbvios. Tão imenso que se torna impossível conhecer tudo.

Verdade que há albuns novos. Bandas que amadurecem.  Momentos inesquecíveis que acontecem inesperadamente.

Mas tomei esta decisão. E é aí que aparece o “E se…”. Porque quem toma decisões e sofre desta incerteza, desta patologia do condicional, não descansa nunca. Não dorme e tenta voltar atrás. Põe posts no Facebook a pensar que se alguém der essa oportunidade, “dá lá só um saltinho para ver”. Que se tenta convencer que “é demasiado mainstream” mas que no fundo quer participar. Ou será que prefere estar onde está? Já nem sabe.

A era da sobrecarga de informação.

Porque a era da informação e da constante sobrecarga de acontecimentos nos faz sentir que estamos em contínua perda. Perdemos os momentos que estamos efectivamente a viver e que estão na nossa frente devido a um mar de possibilidades irreal. Sentimos que podíamos viver sempre mais. Mais coisas. Mais acontecimentos. Não dormimos. Porque dormir é para os mortos.

Estou bem melhor.

A tentar que o απολαύσετε τη στιγμή que tenho tatuado nas costelas seja uma realidade.

Há por aí mais seres que me entendam?

Photo Credits: Aranxa Esteve

acrushon
1 Comment
  • Sónia justo

    Como te entendo, e a mim também não tem a ver com as redes sociais porque sou assim desde sempre.

    9 Julho, 2017 at 0:28 Responder

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