O Kosovo não é para turistas.
O Kosovo não é certamente um país que esteja no topo das escolhas turísticas da maioria das pessoas. Também não estava no meu. A curiosidade agarrou-me. A vontade despertou-se. Se ali estava…por que não? Decidi então visitar o mais recente país europeu este ano por proximidade geográfica de outros países que tinha programado no meu roteiro pelas Balcãs.
Foi um desvio de cerca de 7 horas da Bósnia para o Kosovo, pelo interior mais recôndito de Montenegro. Dos caminhos mais belos que já vi. Onde a natureza é virgem, a paisagem está intacta e a presença humana é diminuta. Senti-me perdida e encontrei-me. Maravilhoso. Não fossem as abelhas que se me picassem me obrigariam a ir ao posto de saúde mais próximo (volto a frisar que estava no meio da natureza montanhosa de Montenegro), e teria corrido pelos prados imensos. Existem imensos parques de campismo nesta zona onde a paz, a tranquilidade e o descanso é a palavra de ordem.
A viagem demorou mais do que o permitido e tivemos de dormir uma noite antes da fronteira numa pequena povoação montenegrina.
Entrámos no Kosovo. A estrada era sinuosa e os montes de perder de vista. Se se deslocarem de carro, cuidado com os excessos de velocidade. Aqui, qualquer passo em falso resulta em multa. Tivemos sorte porque a nossa simpatia portuguesa os convenceu.
Chegados a Pristina, procurámos pelo centro histórico. Tínhamos alguma ideia do que queríamos ver mas devido ao escasso tempo disponível, pensámos que seria mais simples perguntar no posto de informações turísticas. Encontrámos o Grand Hotel Prishtina e perguntámos onde poderíamos saber mais sobre o turismo naquela cidade. Encaminharam-nos para o Swiss Diamond Hotel, porque o posto de turismo era lá ao lado. Não vimos e entrámos no hotel para perguntar onde era. Disseram-nos para ir ao Grand Hotel Prishtina. Hmm…e poderíamos ficar nisto o dia todo.
Embora seja um país que não está completamente reconhecido por todos os países do mundo, quer instituir-se como tal. Assim sendo, deveria estar preparado para que os viajantes encontrassem o que desejam visitar. Claro que a população do Kosovo foi muito hospitaleira e nos explicou tudo o que precisávamos ver e saber sobre a sua cidade. A verdade é que não vislumbrámos muitos turistas pelo que penso que por não estar ainda no roteiro de muita gente, não é sentida essa necessidade por quem rege a cidade.
A Avenida Madre Teresa (Bulevardi Nënë Tereza) contém os dois hotéis falados anteriormente e é numa zona muito central. Se estacionarem aqui perto, é um bom ponto de partida para passear e ver a energia da cidade.
A deambular por perto desta zona, irão encontrar a Biblioteca Nacional do Kosovo. Não é o monumento arquitectonicamente mais belo no exterior mas é um dos pontos mais conhecidos da cidade.
Muito perto, existe uma Catedral, que não entendi porque não estava acabada numa zona tão central de Pristina. Percebi após alguma pesquisa que começou a ser construída em 1992 e nunca foi terminada devido à Guerra.
A 17 de fevereiro de 2008 foi erguido o monumento “New Born” todo pintado de amarelo que simboliza a independência da Sérvia e o nascimento de um novo país. É certamente o local mais icónico da cidade. Uma foto neste local é obrigatória pois há um sentimento forte de que a reconstrução decorre a cada ano que passa. Todos os anos, no dia 17 de Fevereiro, o monumento é pintado novamente de um modo diferente.
Uma das coisas que mais nos impressionou foi a comida que é baratíssima. Vale mesmo a pena passar pelas ruas e aproveitar as promoções de comida e bebida. Num dos restaurantes tivemos oportunidade de falar com o empregado de mesa. Contou-nos os dramas da guerra, a história por que passou a sua família e as suas preocupações. Um rapaz licenciado em economia que trabalhava ali por não ter emprego na sua área mas para quem sair do seu país não constituía uma opção. “Os jovens devem reconstruir e apoiar o seu país” dizia com fervor.
Tenho muita pena de não ter tido a oportunidade de ter ficado alojada na cidade, ouvir mais histórias e conhecer a noite de Pristina. Li por todo o lado que a Avenida Madre teresa à noite ganha uma vida imensa, cheia de gente nos cafés e acredito que seja muito parecido a Portugal. Foi uma visita fugaz de algumas horas que deu apenas para ter uma impressão simples desta nova capital. Quero, desejo e irei certamente voltar para descobrir mais de Pristina e do Kosovo.
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