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Loulé é Cultura, Criatividade e Sustentabilidade!

“Voltar às origens”.
“O Bom filho à casa torna”.


Aquele clichê que teria de acontecer um dia e ainda bem que aconteceu. Lígia Gomes, nascida em 1985. Naturalidade: Loulé.

Este é um roteiro e dicas de viagem em Loulé, na perspectiva de uma nativa 😉

Morei em Loulé até aos meus 17 anos – na verdade fiz os 17 já em Lisboa porque entrei com 5 anos para a escola e passei da 1ªclasse para a 3ªclasse – quando ingressei na Universidade. Já tenho quase 35 anos e por isso já vivo há mais tempo em Lisboa do que vivi em Loulé.

A minha família queria que eu fosse para Coimbra, mas eu tinha a pancada da cidade grande. Ver diversidade, conhecer novas coisas. Quando cheguei a Lisboa, e dizia que era de Loulé, quase ninguém sabia onde era. Dizia que era no Algarve, e o discurso mudava logo.


“Vou para Vilamoura todos os Verões”, “Tenho um primo em Silves, se calhar conheces”…



À partida…não conheço. O Algarve é uma região, não é uma cidade. A minha cidade é Loulé. Amigos na mesma 🙂

Quando eu saí de Loulé, para além das actividades da Casa da Cultura de Loulé, poucas coisas aconteciam. Existia o Carnaval , a semana académica (RIP Inuaf) e pouco mais. A Noite Branca, o Festival Med – veio tudo depois. Para copos, ia muito ao mítico Bafo de Baco – que ainda existe – e o Speed que eu adorava e já não está entre nós. O Carlinhos ainda está a bombar, certo?

Lembro-me de alugar o Romeu e Julieta primeiro no videoclube e só depois apareceu no cinema. O facto de ser sempre muito mais nova que os meus colegas, também não me permitia explorar as outras cidades do Algarve. A minha sensação na altura era que todo o investimento era na zona costeira e a cidade por ser mais interior, não tinha muito interesse estratégico. Sair de casa, foi triste porque deixei de estar com os meus avós, mas um caminho para a liberdade cultural e criatividade. Todo um mundo novo se abriu.

No entanto, há coisas que mudam para bem. Loulé realmente mudou para muito, muito melhor, nestes 18 anos. É como uma menina que cresceu, evoluiu, se tornou artista e preocupada em manter as suas tradições.

Ser Turista na tua própria cidade


Adorei esta oportunidade. Há 18 anos que vou a Loulé aos fins-de-semana ver a família, combino um copo com os amigos e vou conhecendo os bares que abrem sempre nos mesmos sítios, com nomes diferentes. Grande parte da minha geração emigrou, ou ficou por Lisboa e por isso o meu grupo de amigos já não está muito por ali. Isto para dizer que as visitas sempre foram de médico e sem grande estrutura. Ir três dias a Loulé em regime de turistinha, foi algo que surgiu através do movimento #EuFicoEmPortugal e a redescoberta do ano.

Para começar, fiquei num hotel em vez de ficar em casa. No Aleixo Mor’aqui, que é um projecto de reconstrução de um antigo palacete. Aqui, houve a preocupação de reutilizar tudo o que fosse possível da construção original.


“As pinturas típicas do século XIX na parede dos corredores foram preservadas, as portas, janelas e pavimentos em madeira foram recuperados, bem como as paredes de pedra e barro tão utilizadas na época.”Sul Informação

É um local onde prima o bom gosto. Uma das coisas que adorei, foi trabalhar de lá. Este hotel, tem uma sala enorme com uma óptima internet. Já para não falar da piscina em plena cidade. Chegámos na sexta-feira já tarde e fomos descansar para acordar cedinho.


Mercado de Loulé – Um Clássico!


Se eu vos disesse há quantos anos dizia ao Tiago que um dia tínhamos de acordar cedo de manhã para ir ao mercado, não acreditam. A realidade é que sou pouco amiga das manhãs. Finalmente fomos. Numa versão pós-covid onde muita se passa na zona circundante, vimos o ex-libris da cidade – O Mercado de Loulé. Quando era pequena, ia com as minha maltinha da ginástica vender bolos para o Mercado, para irmos à Gymnaestrada.


Loulé Criativo


O que é isto do “Loulé Criativo”? É uma iniciativa que aposta na valorização da identidade privilegiando a criatividade e a inovação. Dão apoio à formação e atividade de artesãos e profissionais do setor criativo. A ideia é revitalizar as artes tradicionais de modo a que as novas gerações as consumam. Não é incrível? No âmbito deste programa, fizemos imensas actividades! Neste site, podem estar a par das iniciativas que eles estão a organizar. Há imensos cursos e workshops.

Oficina dos Caldeireiros


Vou confessar – não fazia ideia o que era um caldeireiro. Se em tempos soube, não me recordo. Aqui, existe a produção manual de peças mais tradicionais, como tachos ou cataplanas ou ainda anéis ou pulseiras. Comprei um anel e uma pulseira de cobre, que adoro. A Oficina de Caldeireiros existe para que “artesãos em cooperação ali possam produzir e comercializar o que produzem, cumprindo um conjunto de requisitos que garantem a autenticidade e valorizam os saberes e práticas que cada peça incorpora”.


Casa da Empreita


Os algarvios começaram a fazer a empreita de palma, há muitos séculos atrás. Serve para fazer alcofas, esteiras, objectos quotidianos e decoração. Ultimamente, até está bastante na moda. Acredita-se que teve um grande desenvolvimento quando foi necessário armazenar alfarrobas, amêndoas e figos.

As folhas de palma, antes de serem utilizadas na empreita, devem ser colhidas, secas e separadas de acordo com a sua espessura. Podem ser submetidas a um banho de enxofre, para ficar com uma cor mais clara, ou ser tingidas.

Tive oportunidade de fazer um workshop de Empreita e gostei muito. Espero brevemente fazer uma peça completa 🙂 Na Casa da Empreita, em Loulé, também é possível comprar peças muito giras para a casa.


Workshop de EcoPrint com Manoli Ortiz de la Torre


Esta para mim, foi uma das grandes surpresas do programa. Aprendi com a Manoli a fazer estampas a utilizar pigmentos provenientes de plantas autócones da região. Como sabem, tento cada dia ser mais amiga do ambiente e não compro roupas sem ser em segunda mão ou marcas sustentáveis há anos e por isso fiquei mesmo feliz com esta aprendizagem.

A Manoli vivia na Bélgica e veio morar para a Penina, uma aldeia muito pequenina no interior do Concelho de Loulé. Segundo ela, o início foi difícil a sua integração por ter uma maneira de estar muito europeia e distante da vida da aldeia. Com o tempo, as coisas foram fazendo mais sentido.

A Rocha da Pena e a sua flora


Começámos por um passeio na Pena, para perceber que tipos de plantas se deve utilizar e fomos até ao atelier da Manoli. A Manoli trabalhava lã feltrada e aprendeu a técnica de ecoprint em 2008 com uma rapariga irlandesa chamada Nicola Brown. Enquanto esta tem como imagem de marca a folha redonda e padrões mais simétricos, para Manoli é a esteva que dá personalidade aos seus prints. Para Manoli, não é ela que faz o padrão, é a Natureza. A Natureza decide e cria. Esta modéstia encantou-me. Ensinou-nos como passa os seus dias e os projectos em que está incluída.

Podem encontrar as suas peças na sua loja online, mas também numa loja perto do Mercado de Loulé – o Colectivo 28 que surge da união de quatro artistas.

Esta loja tem uma forte ligação com o projecto Loulé Design Lab. Este, é um laboratório de criação, investigação e experimentação, com o objectivo de formar e fixar uma comunidade criativa. O elemento central é o design, com forte ligação à cultura local.

Acabámos a beber uma mini no cafézinho da aldeia com os habitantes da Penina, numa conversa amenas sobre os bons vinhos da região. Obrigada Manoli.


Cataplana Algarvia & Trilogia de Figo e Amêndoa


Nesta experiência, foi tempo de pôr as mãos na massa e confeccionar uma cataplana mesmo à algarvia. A cataplana tem um duplo significado. É um utensílio de cozinha feito de cobre, e é também o nome de receitas deliciosos que nela se confecionam. A cataplana faz-se com peixes com pouca espinha.


E o que é a triologia perguntam vocês?

1. O queijinho de figo – uma massa feita com figo e amêndoa torrada e moída com especiarias,
2. O figo seco com um recheio rico de amêndoa e especiarias,
3. O figo em forma de estrela conjuntamente com a amêndoa.

Já provaram alguma destas especialidades acima? Este workshop foi dado pela Ana Figueiras que é um amor! Obrigada pela paciência com esta Chef pouco prendada que eu sou 🙂

Loulé é mesmo sustentável!

Para além de ter ficado super feliz por Loulé ter a sua primeira loja a granel, a Kibio, tive a oportunidade de visitar a Quinta do Freixo.

Tenho mil e uma notas sobre a minha visita à Quinta do Freixo. Era um artigo todo sobre o trabalho fantástico que lá fazem. Desde 1934 que pertence à mesma família. É uma herdade gigantesca, cerca de 800Ha onde existem atividades que vão deste a Agricultura e Pecuária aos produtos tradicionais e Turismo Rural. Toda a área encontra-se certificada em modo de produção biológico.



Falámos muito com o Engenheiro Miguel sobre como tudo na Quinta é reaproveitado e o desperdício minimizado. Embora, o agroturismo seja uma operação que remonta a 1994, quando visitámos o local, estavam a remodelar os alojamentos. Vai ficar incrível! Imaginem um sítio onde a 360º, não há nada a não ser natureza. Imaginaram? Até onde o nosso olhar alcança, é tudo Quinta do Freixo.

O ex-libris? O Doce de Laranja e o Queijo de Figo. Se bem que também fiquei bem curiosa em experimentar a Aguardente de Medronho, porque…vocês sabem. É de medronho 🙂

A mata e as fontes!


Um dos sítios que me faltou passear foi na Mata ou Parque Municipal de Loulé. Queria levar o Tiago a conhecer e aproveitar para beber um refresco no 8100 Café!

Fizemos uma paragem rápida na Fonte da Benémola, que está toda arranjadinha. Desta vez não deu para mergulhar, mas voltarei em breve. Sabem como está a Fonte Filipe? Não vou lá desde miúda.

Loulé é vinhos e gastronomia!


A tarde passada a degustar vinhos na Quinta da Tôr, foi das melhores desta semana. Num sítio maravilhoso, com uma super piscina da qual podem usufruir caso consumam bom vinho. Esta propriedade pertencia à mesma família desde 1500 até 2011. Nesta altura, uma nova familia com origens e raízes fortes na Aldeia da Tôr, pegaram nas rédeas e movidos pela paixão pela sua terra, reavivaram a vinha. Podemos encontrar aqui 7 castas: Touriga Nacional, Syrah, Cabernet Sauvignon, Aragonês, Siria, Arinto e Chardonnay.

Café com História!


Incontornável passar por Loulé e não ir ao Café Calcinha. O Café Calcinha foi classificado como Imóvel de Interesse Municipal em 2012. E é impossível falar do Calcinha sem falar do poeta António Aleixo. Foi aqui que o poeta popular concebeu muitas das suas quadras.

Sempre gostei muito desta:

“Uma mosca sem valor
poisa c’o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.”

Quando ia ao Calcinha, era sempre para comer o Folhado de Loulé. Conhecem o Folhado de Loulé?

Comida contemporânea e do mundo!


Num dos dias, jantámos no Cafézique. Comida. Comida incrivelmente boa. Criações do Chef Leandro Araújo, que durante sete anos exerceu o cargo de subchef no estrelado São Gabriel. Cada prato que me trouxeram, era céu. Amei os pastéis de massa tenra de polvo grelhado e caril verde. A nossa maior surpresa foi a Cavala Alimada 💚 A não perder!! Já foram ao Cafézique? O que gostaram mais? O abade priscos de queijo azul também está no meu coração.



Um sítio que queria ter ido e não consegui foi o Pirá! Acabei de ver que foi incluído no Boa Cama Boa Mesa como um dos melhores restaurantes a descobrir este verão.

Ficou por conhecer também o Artigo Três e a Fábrica, e revisitar a Cantina dos Sabores.


Loulé é História e Cultura!


Fui ao Castelo obviamente, e à Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Lembro-me do Castelo ter a muralha tapada com casinhas e da Câmara Municipal as adquirir com o intuito de mostrar a muralha.

Desta vez não houve tempo para subir à Mãe Soberana. Mais uma vez, seria todo um artigo a explicar-vos a Festa da Mãe Soberana. Cliquem no link anterior e vejam um artigo que explica bem. Para os fãs da tradição, história e antropologia, é uma festa muito peculiar que de certo gostarão de conhecer.

Estive também no Museu Municipal de Loulé onde tive a oportunidade de ver uma das grandes descobertas da paleontologia dos últimos anos – o fóssil do Metoposaurus algarvensis, encontrado na aldeia da Pena. Aqui, explicaram-me o projeto do aspirante a Geoparque Mundial da UNESCO Loulé-Silves-Albufeira – o GeoParque Algarvensis.  Sabiam que isto estava a acontecer? Eu não tinha a mais pálida ideia.


Loulé tem aldeias muito giras!


Alte, Salir ou Aldeia da Tôr são apenas exemplos de aldeias pitorescas que devem visitar. Em Alte há a famosa Queda do Vigário, a cascata mais instagramável e tal. Vejam as fotos do artigo da Nit e a minha…AHAHA! O sítio é mesmo bonito, eu é que sou pouco fotogénica.



Alte é uma das aldeias mais bonitas do país e foi uma das finalistas na categoria Aldeia Autêntica nas 7 maravilhas.

Perto de Salir, têm o Malhão que tem como característica, a presença de uma Stupa Budista. Sim. Uma Stupa Budista no meio da Serra Algarvia! Eu não disse que Loulé era surpreendente?

Loulé tem Minas de Sal-Gema


Do 6º ao 9º ano, andei numa escola literalmente ao lado da Mina e nunca lá tinha ido. Foi preciso meter o chip de turista na minha terra, para saber o que está – literalmente – por baixo da minha casa. Foi uma experiência muito interessante. Existem 4 visitas diárias. O Sal-gema é utilizado em indústrias no sector têxtil, dos detergentes, do tratamento de águas, entre outros. Uma utilidade muito apontada foi para retirar o gelo da estrada.

No final decidi tirar uma foto com a torre do Poço 2 da mina, porque é algo super icónico da paisagem em Loulé e ninguém lhe liga nenhuma.


Vilamoura, Quinta do Lago, Vale do Lobo, Ancão, Quarteira…tudo pertence a Loulé!


Ah pois é meus amigos! Estas praias todas lindas? A noite louca onde andam sempre enfiados – excepto este ano onde aparentemente as discotecas vão ser pastelarias – é tudo Loulé! “Toma lá que já almoçaste!”

Queria imenso dizer isto…. hihihihi 🙂

Isto vem no fim porque é o que vocês normalmente já conhecem do Algarve, mas é obviamente algo incontornável. Vir ao Algarve com bom tempo e não mergulhar no mar… nem faz sentido 🙂 Há lá coisa melhor que estar na imensidão do Oceano?


Fica tanto por dizer!


É provável que faça mais artigos sobre as coisas que conheço nesta zona. Queria deixar só uma nota sobre o porquê desta publicação. Em Abril, a malta da ABVP começou a discutir o que poderia fazer para ajudar o turismo nesta fase pós-covid e criámos o movimento #euficoemportugal. Cada um de nós, responsabilizou-se por fazer uma zona. Eu escolhi Loulé porque sabia que depois do isolamento obrigatório queria ver a minha família. Eis o meu espanto quando o Turismo do Algarve me ajudou na realização de um roteiro customizado para mim, tendo em conta os meus valores e causas com que me preocupo. Esta experiência foi facilitada pelo Município de Loulé em parceria com o Turismo do Algarve. Teria sido impossível fazer algumas destas actividades e conhecer a potencialidade do meu concelho sem esta agilização por parte destas entidades. Muito Obrigada!

Agora é tempo de terminar o artigo e agradecer a incrível hospitalidade com que fui recebida pelos representantes da Câmara Municipal de Loulé. Um super abraço à Marília!

Estou muito Grata. Para além disso, saí em imensas notícias da região e a minha mãe ficou muito contente 🙂

acrushon
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