Este país sempre me intrigou. Quando fiz um estágio internacional em Split na Croácia há uns anos atrás, conheci umas raparigas da Macedónia a quem perguntei o que havia para visitar no seu país. “Temos um dos lagos mais profundos da Europa”, disseram. Quis acreditar que um país não se poderia reduzir apenas a isso. Desta vez só tive tempo para conhecer dois sítios, Skopje e Ohrid.

Chegada a Skopje. À primeira vista não parecia uma capital. Muita confusão, falta de passeios, animais na estrada e poucas indicações para os automóveis. Perdidos. Um obrigada à nossa orientação e a algumas pessoas que nos ajudaram na sua habitual mímica.

Ficámos alojados no Boutique Hotel Villa Lav e fomos muito bem tratados. Super prestáveis e simpáticos. Tivemos a sorte de ter uma das raparigas que com quem estagiei a mostrar-nos a sua cidade. Ela estava mesmo contente por nos mostrar um pouco do que é seu e ter a oportunidade de falar sobre o país.

O primeiro impacto foi estrondoso. Fomos a um restaurante tradicional, o Skopski Merak, e a música ecoava por todos os cantos. Um grupo de homens tocava e cantava sem parar. Um deles tinha sido pai. Estavam felizes e emanavam esse sentimento por cada recanto do restaurante. Tanto, que se tornava impossível proferir uma palavra sem gritar e ouvir alguém. Tivemos de optar por outro sítio. A festa não parava e tinha de continuar noite dentro.

Andámos um pouco até à zona central da cidade, onde tudo acontece. Existe uma rua cheia de bares e restaurantes em frente ao rio Vardar, cheia de vida, gargalhadas, brindes e animação. Aqui as cantorias continuavam mas em jeito de karaoke por vários bares. Era agradável ver de uma esplanada. Jantámos por ali e brindámos com um bom vinho da Macedónia. A Macedónia não tem só o lago profundo. A Macedónia tem bom vinho!

Em frente ao nosso restaurante era o Museu Arqueológico da Macedónia. Foi neste momento que entendi algo estranhíssimo. Aquele edifício imenso, com arquitectura imperial não estava a ser restaurado. Estava a ser construído. Confesso que me fez imensa confusão. Skopje está a construir um centro histórico. Algo que seja digno de ser visitado, algo imponente e imenso. Há estátuas por todo o lado. A de Alexandre “O Grande” é enorme e tem cerca de 23 metros de altura. Há estátuas da mãe e pai de Alexandre e de diversas figuras desta altura. Porque o dilema universal de onde nasceu este grande conquistador é algo que perdura nos dias de hoje e um assunto que não deixa que Macedónia e Grécia se entendam. A Macedónia não é reconhecida como país por diversos países e entidades no mundo e por isso, segundo a minha amiga, as coisas não são muito fáceis para quem lá vive.

Li um pouco sobre este assunto quando aterrei em casa. O nível de patriotismo dedicado neste caso foi elevadíssimo e a meu ver talvez exagerado. É verdade que quando as obras acabarem, o centro de Skopje será triunfal e majestoso mas não será também ele pouco genuíno e forçado? Voltarei para ver e dar uma segunda hipótese.

Existe também a “Old Town”, o Old Bazaar, que essa sim é carismática e verdadeira. Cheia de pequenos restaurantes de comida típica onde os preços são muito acessíveis. A comida é óptima, muito baseada em grelhados e é realmente muito, muito barato. A Macedónia não tem só o lago profundo. A Macedónia tem comida muito boa e barata.

Saímos à noite em Skopje. Fomos às discotecas de verão e estavam bastante vazias. À porta foi preciso ter muito cuidado com os bandos de crianças que nos tentam meter as mãos nos bolsos. Acabámos por seguir para uma discoteca mais alternativa após sugestão do taxista. As bebidas na discoteca eram mais uma vez, incrivelmente baratas. Gosto.

Gosto também muito das paisagens. O caminho de Skopje até Ohrid, apesar de grande parte ser numa autoestrada, é realmente cheio de natureza virgem e onde reina a tranquilidade. Tem imensos lagos que chamam por piqueniques e actividades ao ar livre.

Chegados a Ohrid, onde só ficámos por umas horas, apreciámos o mais importante. O lago. Deu-me a sensação que é realmente o sítio cool para se estar. Acredito que ter casa em Ohrid pode ser sinónimo de boas frases de engate e romances de verão bem passados. Ohrid tem zonas mais familiares, mais tranquilas e bons bares.

Soube divinalmente beber um Mojito à beira do lago e apreciar o tão desejado pôr do sol. Foi esplêndido. Um momento de fusão com a magia das cores reflectidas na água. Memorável. Um óptimo sítio para parar no tempo e escrever palavras. Umas atrás das outras.