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Este amor, este amor. É tão grande, é tão forte.

“Aconteceu. Ninguém estava à tua espera.”

Ou talvez algumas pessoas estivessem e acreditassem com cada átomo do seu ser. Não acreditei. Fui infiel à paixão que tenho. E a minha paixão é enorme.

Confesso que sou um pouco céptica e não acredito que tudo acontece por uma razão. Mas há algo que nunca teremos o poder de escolher. O sítio onde nascemos. O lugar que nos dá a nossa personalidade e que dita os acessos que teremos na vida. Nascer em Portugal não é certamente o mesmo que nascer na Síria, na Índia ou no Panamá. É diferente. Tem os seus defeitos e os seus privilégios. Nascendo portuguesa, serei sempre portuguesa. Mesmo que se escolha outro país para viver, que se deseje outra nacionalidade…as nossas raízes são daquele local. Ser portuguesa é para mim um orgulho imenso. Já fomos um povo conquistador, somos herdeiros de um legado indiscutível de descobrimentos. Talvez por isso eu tenha esta sede de viajar e descobrir mais. Talvez seja por ser portuguesa.

O que assisti ontem foi um dos momentos que certamente marcará os próximos tempos. Não por ser futebol. Também pratiquei desporto federado e já sofri o drama de ninguém ligar nenhuma a nenhum outro desporto que não seja o desporto-rei. Verdade que ontem também trouxemos muitas medalhas em atletismo para casa e que muita gente já partilhou isso nas redes sociais. Infelizmente mais em tom de indignação por estes serem ofuscados pela nossa vitória em futebol, que pelo valor que esses atletas têm. E têm muito. Em muitas modalidades, os atletas quase que têm de pagar para representar o país e isso é triste. No entanto, ninguém pode discutir o facto do futebol unir uma nação. É algo que não se explica. Que eu não percebo porquê mas, padeço da doença. Não entendo os milhões envoltos em todo o processo, confesso. Irrita-me profundamente e gostava que fosse de outro modo. Mas isto é conversa para outra altura. Ontem, todos estávamos com o mesmo sentimento. A mesma vontade. A mesma garra e atitude! Todos desejámos com todas as forças que o nosso país se sagrasse campeão da Europa no Euro 2016. E assim foi.

Infelizmente vi ainda demasiado clubismo a acontecer. Não entendo. Um clube por mais que se diga que sim, não nasce connosco. É algo que os nossos pais, família ou amigos incutem em nós. Eu amo o Benfica. Mas tenho consciência que o amor que lhe tenho me foi demonstrado pela imensa paixão que o meu pai nutria por este clube. Ver um jogo com ele, era sofrer e viver cada segundo. A decoração na casa dele era cheia de elementos do clube e respirava-se em tons de vermelho. E isso entranha-se. Os anos passam, já nem vejo o meu pai há quase 20 anos mas o amor pelo clube ficou. Nunca ninguém me ensinou a ser portuguesa. É nato. Mas reparem…este texto não é sobre patriotismo.

Como já é habitual, o português tem um fado complicado e tivemos de sofrer algumas adversidades para chegar ao sonho. Cada vez que revejo as imagens, arrepio-me. Desde a impotência do nosso capitão Cristiano ao entender que não poderia ajudar a equipa a vencer, até aos últimos minutos com a bancada em completo estado de nervos…foi emocionante. Por uma vez, estivemos todos juntos. Mas mais importante que unir todas as cores, o mais interessante deste europeu foi a capacidade de nos mostrar que temos de acreditar. E lutar pelo que queremos e ambicionamos. Isso falha-nos todos os dias em coisas simples das nossas vidas pessoais. Se calhar precisávamos que alguém nos incentivasse a arriscar como fizeram ao Moutinho. Ou então, basta agarrar-nos à confiança de que conseguimos lá chegar! Porque o sonho não está longe e por muitos Payet que nos dificultem a vida…até o Éder marcou o golo da vitória!

 

 

Photo Credits: Contando Estrelas

acrushon
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