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A impotência quotidiana.

Há pessoas que adoramos. Que não passamos sem elas. Por mais que tenhamos estudado e que lhes queiramos bem, há momentos em que temos de entender que nada poderemos fazer. Sinto-me constantemente com este sentimento.

Não gosto muito de vir a casa. À terra onde nasci. Não que não goste da terra, ou das pessoas. Nada contra. Há simplesmente algo que faz com que nunca me apeteça cá vir. Mas quando cá estou, adoro. E não me apetece ir embora. Há aquele pequeno conforto de um sítio que foi o meu lar durante anos. Não moro muito longe. Nem chegam a 300km. Venho cá uma vez por mês.

Acredito que os meus amigos emigrantes sintam ainda mais este sentimento corrosivo de que nada se pode fazer para que tudo esteja melhor. Assistimos à deterioração temporal daqueles que gostamos e sabemos que a menos que encontremos a fonte da juventude…assim será. Vive-se as mesmas conversas centenas de vezes. Umas vezes pior, outras vezes melhor. Por mais força de vontade que tenhamos, temos que entender que nada podemos adicionar a esta estrada que se percorre diariamente. As pessoas vão ficar doentes, vão ter problemas diários que não podemos resolver porque há quilómetros que nos distanciam. Vai haver sempre aquela chamada do “então, está tudo bem?” e a resposta invariavelmente é “tudo bem”.

Confesso que amo o meu trabalho remoto que me permite ficar aqui mais uns dias e umas horas. Foi bom. É bom. Porque não tem de ser tudo a correr. Mas mesmo assim, amanhã já não estou cá. Porque a nossa vida é no mundo mas os que nos criaram, têm o seu lugar cativo num espaço confinado que decidiram há anos. Porque é tudo o que conhecem e só ali se sentem bem. Só ali se sentem em casa.

Nós, somos uma geração global, que estaremos sempre ligados e em qualquer lado.

Isto é mais complicado quando penso à escala realmente global. Que podemos nós fazer activamente mediante certas coisas que acontecem no mundo. Poderemos nós ter um papel activo? Ou seremos sempre formiguinhas pequeninas que transbordam de vontade mas detêm nenhum poder?

Aquele desabafo filosofal.

acrushon
2 Comments
  • Thiago Magalhães

    Super complexo tudo isso, hiper doloroso se pensarmos em uma só vida e no estado carnal.
    Acredito em algo maior e isso me nutre quando tenho as mesmas dúvidas.
    Acredito que estamos onde devemos estar e com quem estamos, nada é eternizado, na verdade é, o amor que se transformará em saudade, enquanto ela não chega, ame!!!
    Beijos e com saudade, isso significa que está na hora de uma visita!
    : )

    28 Novembro, 2016 at 17:14 Responder
    • acrushon

      Tão espiritual que ele anda 😉

      29 Novembro, 2016 at 0:15 Responder

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