Mãe. Vou para a Bósnia.
Mãe. Vou para a Bósnia.
Mãe Sofre. Sofre com a ideia mental de que o avião vai levantar vôo, vai aterrar, que vou andar perdida pelas ruas e ruelas de cidades desconhecidas. Mas esta sou eu. Decididamente eu. A que imagina, que impulsivamente faz e tende a não pensar muito nas escolhas que faz. Houvesse uma camera de filmar na minha mente e filmes dignos de óscar se ergueriam. Não existe caneta suficiente para tal. Ficar-me-ei pelos momentos que ocorrem e são dignos de ser partilhados e encontrados por alguém que do outro lado do mundo se revê naquilo que as teclas com letras e números deixaram no branco das folhas imaginárias do computador.
Nada como um destino fora do habitual, da regra e do expectável para fugir a demónios internos e verdades absolutas. Parto com garra e com o sentimento de que tudo muda a partir do momento que o avião aterra e nos fazemos à estrada. A ideia era uma road trip daquelas em que podemos parar em cada esquina de arquitectura peculiar, cada monte verdejante ou barragem apetecível. A partir de Lisboa, depois de muita pesquisa entendemos que faria sentido seguir rumo a Dubrovnik pois o preço do avião compensaria.
Ao chegar a Dubrovnik há a vontade imensa de percorrer a muralha instantaneamente. Resistir a esse impulso foi o objectivo. Aterrei pelas 16h e era preciso pegar no carro previamente alugado na Sixt e seguir viagem. Escolhemos esta agência porque após uma procura intensa, foi o melhor preço para as datas em causa. Neste caso foram 280€ para 10 dias de aluguer.
#Lição1 – Quando se deseja uma road trip por países diferentes com carro alugado, convém confirmar se sem um seguro completo é possível ir a todos os países. Neste caso para ir ao Kosovo e Albânia com o carro, foi necessário pagar um seguro extra que custou 275€. Só assim garantíamos que se acontecesse alguma coisa nestes países não teríamos de pagar extras. Neste caso era opcional mas a maioria das companhias de rent-a-car, pelo que pesquisei, não aluga se não quisermos o seguro.
Pit Stop #1 – Kravice Waterfalls
Lígia Gomes e a sua Birra enorme. “Quero ir às cascatas! Vá lá! Só um mergulho rápido!”. Lá fomos. Escusado será dizer que chegamos quando o sol já se punha, bem colado à terra e a vontade de dar um mergulho era igual a beber um shot de azeite. Ainda assim, valeu a pena descobrir esta pequena pérola no meio do nada. Não foi fácil lá chegar porque o nosso gps não tinha este local, nem esta estrada. Usámos a velha técnica de olhar para o mapa, achar que era por ali e perguntar a cada pessoa com quem nos cruzávamos. Embora o inglês não abundasse nesta parte tão interior da Bósnia, foi neste momento, logo à chegada que me enterneceu a simpatia dos Bósnios como povo. Eu não sabia pronunciar o que queria da forma correcta, eles não conseguiam responder numa língua que eu entendesse mas a vontade de ajudar era superior a isso. Lembro-me especialmente de um senhor que seguia pela estrada, já ceguinho de um olho e bem velhote que fez questão de nos explicar tudo por gestos e nos deu as indicações que nos levaram a atingir o nosso destino.
Pit Stop #2 – Mostar
Quando estagiei há uns anos em Split, fiquei com muita vontade de visitar Mostar por algumas conversas que ouvi. Eis que 6 anos depois cumpro esse objectivo. Não poderia ter tido uma primeira visão da Stari Most mais misteriosa e envolvente. À noite. Senti-me numa pequena vila de princesas e príncipes onde a magia pairava no ar. Valeu a pena pelo facto de já ser tarde e de estarem muito poucas pessoas na rua. Respirei o ar profundamente como quem guarda o momento. Tenho o hábito de imaginar as várias pessoas que pisaram este local noutros tempos e o que pensariam elas. Para saberes o que ver em Mostar, lê mais aqui.
Pit Stop #3 – Sarajevo
Há uma música portuguesa dos UHF sobre esta cidade que me marcou desde pequena. Diz:
“Jugoslávia bonita
Filha da Europa
Fronteiras malditas
Que o ódio devora
Sarajevo, Sarajevo.”
A Guerra na Jugoslávia aconteceu durante a minha adolescência e é algo ainda muito recente e talvez por isso a minha curiosidade em conhecer Sarajevo fosse tão grande. Em traços largos, gostei da Vibe da Cidade, do encontro de culturas que se sente e da simplicidade. O pormenor sobre o que ver, onde estar e o que comer em Sarajevo está brevemente no blog.
Esta publicação também está disponível em: Inglês